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quinta-feira, 27 de março de 2008

Mula

Estou triste como uma mula
Tenho uma pessoa que me acarinha,
Me aquece, me adula
Tenho a sina de ser caçula
Vivo toda sorte de agrado
E me encontro triste feito uma mula.

Hoje do meu quadrado o pensamento não pulula
Sou mais peixe que o peixe do aquário
E me auto devoro em minha gula
Se me peço carinho
Minha mão me estrangula
Se grito ao peito
O peito retruca – MULA! MULA! MULA!

Mas essa tristeza não jorra e nem nunca coagula
Vai gotejando co-ti-di-a-na-men-te
(abutre de Prometeu me alfinetando a medula)
Tristeza reta sem fogos
Dor que não varia nem ondula
E imprime a ferro frio no peito
-Sua alma é NULA... NULA... NULA... -

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