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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

que se trouxe pra mais perto

Assim

Nua
para os meus olhos

Aberta
para o meu beijo

Profunda
para a minha aproximação
lenta, longa
mi-li-me-tri-ca-men-te saboreada.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Escola Política

Quem não estudar

Repetirá
                 4 anos

quarta-feira, 6 de outubro de 2010





















A menina moça e bela
possou por mim
e passou por mim o mundo
todo ele grudado
no corpo da moça, menina bela

Brilhava em sua pele
o Sol de toda a América
os olhos continham
piguimentos de África
apimentamentos da Índia
chuvia de um liso ocidental
no cabelo latino
e no tempo do passo
uma ginga esteticamente brasileira


A menina, moça bela
passou por mim,
se plantou atrás do balcão,
parecia boneca nomoradeira,
com os olhos longe...
sonhando, talvez,
com o imenso mundo
que carrega em si.
.
.
.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crítica



As pessoas é que crescem a gente,
Com um jeito de não nos querer assim, tão nóiz mesmo.



Digo e ripito – Pessoas é terra fértil pra se crescer!


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Brincando

Ao passo que tudo inclina
O Sol nasce na esquina
E toca o outono matutino

Num canto aparece o homem,
Noutro brinca o menino.

De que brincas, se brincar é perda de tempo?

Que tempo falas senhor? Brinco de coisa alguma.
Brinco de brincar, como gente grande brinca de regras.

Sabes bem o tempo de que te falo, tens calendário.
Sois criança crescida
E também sabes que regras são coisas sérias,
Não brincadeira de fingir, como tua brincadeira.

O tempo que entrelaça os dois destinos
Deposita no menino
A primeira asa.

Mas brinco, senhor! Só brinco do que vejo.
Brinco de mamãe e papai, de doutor,
Como agora, brinco de futucar o dedo.

Assim deu-se o diálogo.
O homem saiu desatinado.
Cresceu na criança a segunda asa,
Que a elevou.

Passo a passo o homem ainda se ria:

- Brincar de regras, onde já se viu?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Chuva

Chuva, chuva por que me vens tardia
Se do mamilo já provei a uva
E aflorei o botão da agonia

Se já me encontro liquefeito
Do sacro à cabeça turva
Se não encontro defeito
De fazer-me Sol em plena chuva

Chuva, chuva não acordes a menina
Nem acaso desperte o seu dono
Amo, ali, tanto o que repousa no corpo
Quanto o que vive no sono

Mas chuva, se só viestes embalar a noite
Saibas que fiz dela meu açoite
E ergui em meu corpo o seu trono

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

FIZ

Fiz! Fiz! Fiz!
Fiz tudo quanto quis!
Ultrapassei a fronteira
Sem remorso na conquista
Sem resignação do feito
Sem persignação que me proteja.

Fiz, e fiz porque quis.
Hoje me encontro disperso,
Ou recomposto talvez,
E humildemente vos peço
Que não me perdo-eis
Estou adelante a fronteira
Sambando no campo inimigo.

Fiz! Fiz! Fiz!
Fiz tudo quanto quis.
Confisquei o que era meu, por desejo
O que uma vez afanado
Se afaga
E não se apaga nunca a marca do feito

Fiz, e o que fiz ficará
Mensagem contada
na concha de ouvido do mar
de feito grande
No mundo de aqui dentro.

terça-feira, 6 de julho de 2010

PASSARIM


Se avizinha em mim, pecadim
Dá olho de amar vôo, passarim
Me faz liberto, esperto
Me ensina o jeito certo
O prumo da pluma
O palpite do peito
Vem mudar meu jeito, pecadim

Me mostra o trejeito do teu corpo
O contorno, o conforto
Diz como eu me ajeito
E me puxo pra mais perto
Diz como eu penetro,
Íntimo. No teu dentro
Vem me dá teu alento, pecadim

Vem sambá em mim, sobre mim
Um samba safado, miudim
Vem fazê fuzuê, fuzão
Vem fazê pecado, comunhão
Vem por apelo, em pelo
Vem voando, sambando
Vem dançá em mim, pecadim

E quando acabá a dança
Deita em meu peito, descansa
Alonga a preguiça
Repousa a malícia
Faz pouso, faz ninho, carinho
Faz o tempo passar sozinho
Vem avoá o tempo passarim

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tarde


 A tarde vem a golpes de martelo. A tarde vem de entortar ferro, mexer massa. A tarde não vem de graça, assim, dar o ar da graça. A tarde vem custosa, vem chorosa, no rosto suado. A tarde vem de mal grado, do desagrado da manhã inteira. A tarde é uma rasteira na lucidez do dia. É quando a agonia arregaça as mangas e amassa o peão que o patrão contratou.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Vô não. Aquí fico, aquí me finco, me enterro nos sete palmos de mim mesmo, mas num vô não. Num quero perna de barro, num quero corpo de bronze, metade do corpo petrificado no meio da praça pra quê? Num sô mais do que o que é passado, num sô mais do que o que sempre foi. Num vô não! A menina dos meus zóio é dura, embrutecida comu um vinco na terra seca. Vivo da secura de só querê está no amanhã, num fico apontando nada pra ninguém não. Num tenho mais ôio que ninguém, num tenho mais faro de destino, num tenho mais braço, mais perna ou coração. A vontade que me boliça é boliçosa por igual na borriga de cada um. Num quero fincá bandeira na Lua, num quero matá irmão, num quero prantá palavra difícil dizendo que é constituição. Num quero subir no juizo de ninguém não. Cada um que pense com seus botão. É pensando que a vida rói, rói e rói. Heroi? Quero ser não. Também não preciso de heroi.